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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

É Válido Ofender Colegas, Desde Que se Obedeça Certas Regras

Por Lucy Kellaway

Dois grandes gestores de fundos estiveram na semana passada envolvidos em um conflito desagradável em uma corte de justiça de Londres. Um deles era John Duffield, fundador da New Star Asset Management, e o outro, Patrick Evershed, que estava processando o primeiro por "demissão construtiva".

Evershed disse que seu ex-chefe era um intimidador que "vagueia regularmente pelo escritório com a mandíbula projetada, emitindo grunhidos e nos chamando de idiotas e criminosos". Mas a corte também ouviu que Evershed não era nenhum ingênuo. Em duas ocasiões ele teve acessos de raiva e em um deles admitiu ter chamado o diretor-adjunto de investimentos da companhia de "nanico desprezível".

Achei muito divertido ler essa história no "Financial Times". Essa disputa antiquada na City de Londres foi o antídoto perfeito à epidemia de artigos sobre a recessão e o colapso da zona do euro. Afinal, enquanto as pessoas da City continuarem se comportando de maneira pouco civilizada, o mundo da maneira como o conhecemos não vai acabar.

Essa história em particular tem uma característica interessante. Quase todos os casos de acusações de bullying registrados na City envolvem um homem com idade suficiente para ter acumulado um certo poder - mas não velho demais - e uma pessoa jovem e indefesa, geralmente uma mulher. Mas Duffield não é nenhum tubarão financeiro cheio de testosterona brincando de ser o mestre do universo. Ele tem 72 anos. Evershed tem idade parecida. Eles possuem em conjunto quase um século de experiência na administração do dinheiro das pessoas, com mais sucesso que a maioria.

A ideia de dois coroas brigando é um pouco cômica. Ela é a ideia central do filme "Dois Velhos Rabugentos", em que Jack Lemmon e Walter Matthau discutem um com o outro por causa de uma cerca. Lemmon diz: "Você chutou minha bunda e eu chutei a sua. E farei isso de novo". Ao que Matthau responde: "Precisa se esforçar mais, nanico".

Mas a briga legal entre os dois coroas da vida real não é apenas engraçada - é muito importante. Ela prova que todas as nossas suposições sobre os trabalhadores mais idosos estão erradas. Ter 70 anos não significa necessariamente que você se tornou mais sábio ou calmo. Na verdade, mostra que os coroas podem ser tão agressivos quanto os trabalhadores com um terço de sua idade.

Talvez seja isso que o sucesso na City faz a você: torna a raiva maior que a idade. Uma das principais qualidades de um diretor financeiro - apesar de tudo - é um tipo de invencibilidade. Uma sensação de que ganhar dinheiro o suficiente significa que as regras da boa educação não se aplicam a você e você pode dizer e fazer o que quiser.

Na semana passada, um dos blogs da City perguntou que importância tem esse tipo de coisa. Se é normal executivos graduados chamarem seus subalternos de idiotas ou, conforme supostamente aconteceu em um grande fundo de hedge, um chefe ficar andando pelos corredores com um bastão de baseball nas mãos. O consenso nos comentários foi de que tudo bem, de que chega a ser uma coisa admirável. "Se você quer moleza, trabalhe na ponta da venda", escreveu uma pessoa. Mas isso não tem sentido. Essas coisas podem ser aceitáveis, ou passarem muito longe disso. Vai depender do contexto.

A simples expressão de palavras como "idiota", criminoso" e "nanico desprezível" no local de trabalho não é decisiva. Usadas de maneira apropriada, elas podem ser estimulantes, um alívio da síndrome dos eufemismos presente na vida corporativa em que até mesmo as palavras suavemente negativas são evitadas por medo de provocar danos à preciosa autoestima das pessoas.

Há um colega no trabalho que frequentemente chamo de idiota - e ele normalmente devolve o cumprimento. É um tipo de brincadeira que estimula os dois. Embora eu acredite que ele jamais chamou alguém de "nanico desprezível", gosto do som dessas duas palavras e armazenei a frase em minha memória para uso futuro. No entanto, se e quando eu vier a usá-la, farei isso com extremo cuidado. Chamar alguém assim pode fazer muito sentido, mas apenas sob três condições: o nanico desprezível não pode ouvir; ele deve merecer; e você precisa estar falando com alguém que vai concordar com seu diagnóstico.

Um linguajar forte desses funciona do mesmo modo que os xingamentos no escritório. É muito bom para aliviar a tensão entre os colegas, mas uma catástrofe para a divisão de poder. Chamar o chefe de nanico desprezível ou idiota pode ser uma coisa muito satisfatória no calor do momento, mas também não é nada inteligente. Chamar um subalterno disso é pior ainda: mesmo que não destrua sua motivação (o que certamente fará), poderá colocar você em um tribunal.

Lucy Kellaway é colunista do "Financial Times". 

Fonte da imagem: gettyimages

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