Caio Lauer
No contexto corporativo atual, onde a satisfação em trabalhar na empresa e a crença nos valores das companhias é cada vez mais valorizado, o salário e os benefícios já não são itens relevantes na retenção de talentos, mas podem agregar muito valor. Convênio médico e odontológico não são mais vistos como vantagem, e outras alternativas apontam como ferramentas para perpetuar os colaboradores nas organizações.
Os benefícios variam de acordo com a cultura e valores da empresa e tipo de negócio e grau de percepção, além da importância que os colaboradores têm em relação a essas vantagens, que podem variar de aprimoramento profissional à previdência privada. Com a chegada da geração Y, existe uma população mais jovem trabalhando, porém, esse público possui um grande compromisso com si mesmo, além do travado com as empresas. Existem companhias que oferecem, por exemplo, premiações como carros e viagens. Para muitos, isso não pode não ser tão interessante, pois consideram uma oferta de desenvolvimento profissional, como MBAs e treinamentos, mais vantajosa.
A empresa deve questionar quem são seus talentos e o que é importante para eles. No passado, as companhias ofereciam planos de assistência médica e odontológico e isso bastava. No cenário atual, a prática mudou bastante, pois se existem profissionais altamente capacitados na empresa, devem ser avaliadas as vontades e aspirações desses profissionais. Não é mais a organização quem decide o que é bom para seus colaboradores, mas sim o profissional, que possui suas metas e objetivos, e que exige que sejam oferecidas oportunidades de desenvolvimento por meio dos benefícios. “É interessante oferecer vantagens um pouco mais intangíveis no sentido de perpetuar o talento na empresa, como por exemplo, oferecer chances desse profissional ter uma formação fora de sua área de atuação, como um upgrade na carreira”, aponta Mário Cunha, sócio diretor da Academia de Marketing, empresa focada em treinamento personalizado em organizações. Segundo ele, o intercâmbio também é interessante, assim como planos de transferências regionais. “Mas é necessário que eles estejam focados nas aspirações e desejos dos talentos, e não mais na padronização e prática do mercado”, alerta.
Os RHs das empresas ainda têm o hábito de buscar os benefícios no que o mercado geralmente oferece e buscam ter uma equalização entre todos colaboradores da companhia. Esse é um pensamento ultrapassado, e o que se faz necessário é conhecer o público da empresa. Para conhecer as vontades e metas de carreira dos colaboradores, é fundamental o papel da área de Recursos Humanos. Esse trabalho inicia-se fase de contratação do funcionário, tentando conhecer o que essa pessoa gosta e valoriza, quais os pontos em comum da cultura e visão de mundo entre ela e a empresa. “As pessoas trabalham, têm compromisso com o resultado, mas o desenvolvimento próprio tem grande importância também. O profissional de hoje busca aprimoramentos de uma forma muita mais intensa e rápida do que se buscava anos atrás”, observa Lélio Tocchio, consultor de RH da T3, empresa que presta serviços em Recursos Humanos. De acordo com o consultor, o benefício deve ser um complemento da remuneração da pessoa e precisa estar direcionado aos desejos do colaborador.
Nem sempre as mesmas vantagens se adaptam a todos os talentos. Um bom RH deve perceber que para um mesmo tipo de função e para a mesma atividade, existem pessoas diferentes e, consequentemente, existirão alternativas diferentes. Tocchio explica: “O RH tem papel fundamental porque tem que ter o pensamento de que é o condutor dos processos para os resultados da organização. Ele tem um papel que ultrapassa ‘cuidar de gente’, ele está na empresa para cuidar dos resultados dos negócios por meio das pessoas”.
Flexibilidade
Existem empresas que possuem benefícios flexíveis de acordo com a necessidade e gosto do colaborador, como escolha de cursos para aprimoramento profissional, planos de previdência privada e viagens de negócios. Essa estratégia pode ser positiva, mas também pode surtir maus frutos, como exemplifica Mário Cunha: “Imagine uma empresa com 10 colaboradores com mesmo cargo e mesmas atividades, mas que tenham diferentes níveis de benefícios. Cria-se um desconforto entre os funcionários e com a empresa”. Para Cunha, nesse tipo de situação, os colaboradores podem se questionar de porquê um ter, por exemplo, um MBA e o outro não.
As assistências mais valorizados hoje em dia estão relacionados ao futuro do profissional no mercado e na organização. O oferecimento do curso de MBA é muito comum nas organizações. As empresas investem bastante em ensinos desse nível para o funcionário, mas também existe uma contrapartida: a companhia pode exigir que o colaborador permaneça na empresa até um período estipulado. “O profissional deve ter uma visão clara de como será a carreira dele e um plano de carreira bem definido, mostrando os ganhos que terá e como poderá contribuir para a organização”, finaliza Cunha.
Fonte: Carreira & Sucesso